A mudança na dinâmica das amizades após lesão na medula espinhal
Leia conselhos e percepções de duas pessoas inspiradoras que passaram por mudanças nas amizades após a lesão na medula espinhal, incluindo o reatamento de antigos relacionamentos.
Saiba como Kris e Shaun administraram as mudanças na amizade após a lesão.
Este artigo é baseado em entrevistas com Sue Lennon. Sue é enfermeira, terapeuta, educadora e coach com quase três décadas de experiência em enfermagem oncológica, incluindo urologia e cuidados com estoma. Ela valoriza a comunicação entre enfermeiros e pacientes e oferece atendimento verdadeiramente holístico.
Nos primeiros dias e meses após uma lesão na medula espinhal, as amizades e os círculos sociais passam por uma evolução que pode fortalecer os relacionamentos existentes e até criar novos. No entanto, no outro extremo, um evento traumático como esse às vezes pode fazer com que os amigos se sintam desconfortáveis ou inseguros. A experiência pós-lesão em relação às amizades é extremamente particular, e tende a ser uma mistura de apoio e encontros desafiadores.
O que acontece com as amizades após uma lesão da medula espinhal pode depender da força dos relacionamentos antes do trauma e do nível de maturidade dos amigos. Isso é ilustrado pelas diferentes experiências de dois homens: Kris Aves e Shaun Gash, ambos residentes no Reino Unido. Kris lesionou-se em seus trinta e poucos anos. Ele se beneficiou de ter um sistema de suporte mais maduro e até experimentou alguns relacionamentos surpreendentes e reacendidos. Shaun acidentou-se em seus vinte e poucos anos. Ele tinha principalmente amigos jovens e alguns tiveram dificuldade em lidar com a mudança.
Embora Kris e Shaun tenham tido experiências muito diferentes após a lesão, ambos reconhecem o valor de amizades solidárias. Eles também aprenderam que ter uma atitude positiva pode ajudar a lidar com as situações mais desafiadoras.
Kris Aves: Descobrindo um forte sistema de suporte e redescobrindo velhos amigos
Em março de 2017, aos 35 anos, Kris Aves ficou paralisado após ser atropelado por uma van no ataque terrorista na Ponte de Westminster. O policial de folga havia recebido um prêmio naquele dia e atravessava a ponte para comemorar com os colegas. Kris continuou a trabalhar por quase quatro anos após sua recuperação, mas recentemente pediu aposentadoria médica. Embora eu tenha me aposentado, estou seguindo em frente, disse Kris. Tenho muitos objetivos para alcançar e estou recomeçando minha vida.
Relembrando os primeiros dias e semanas após ter sido atingido, Kris ficou genuinamente surpreso com o apoio que recebeu de seus muitos amigos e colegas de trabalho. A manifestação chamou a atenção até mesmo da equipe do hospital. A enfermeira que chefiava a unidade de coluna há 15 ou 20 anos me disse que nunca havia atendido um paciente com tantos visitantes, diz Kris. Não era apenas minha família, mas a família da minha esposa também. Todos os meus amigos da Polícia Metropolitana. Todos os meus amigos do golfe.
O mais surpreendente foi ter notícias de amigos que não entravam em contato há muito tempo. Nos meus 20 e poucos anos, eu era representante de turismo, trabalhando em lugares como Grécia, Turquia e Itália, e todos os meus velhos amigos representantes voltaram a entrar em contato comigo. As pessoas estavam vindo do norte do país e da Escócia para me visitar, diz Kris. Havia também meus amigos de escola e os amigos com quem cresci. Eram longas noites em nosso pequeno pub local; todos arrumavam tempo para vir me ver, ninguém sumiu; as pessoas ligavam para mandar lembranças e ver como eu estava.
Com base em sua experiência, Kris oferece alguns conselhos para quem sofre uma lesão na medula espinhal e pode hesitar em procurar amigos e familiares por precisar de ajuda ou de alguém com quem conversar. Eu recomendaria conversar com as pessoas se você tiver alguma preocupação sobre o seu corpo, sua aparência ou quaisquer mudanças pelas quais você esteja passando, diz Kris. Tente não guardar as coisas porque é aí que a depressão pode começar. Então, fale a respeito de tudo e pesquise também. Kris também incentiva as pessoas a se manterem ativas. Você precisa se levantar e sair por aí, diz Kris. Levante-se de manhã, vista-se e saia. Faça isso aos poucos. Convide amigos e simplesmente tente aproveitar a vida ao máximo, seja qual for o máximo que você possa fazer.
Shaun Gash: Encontrando força na adversidade
Assim como Kris, Shaun Gash também encontrou inspiração na adversidade após uma lesão na medula espinhal. Em 1991, Shaun sofreu um grave acidente de carro que quase lhe custou a vida. Ele ficou paraplégico T5/T6 e agora está em uma cadeira de rodas. Ele tinha 20 anos quando o acidente aconteceu e ainda se lembra vividamente da sensação de desânimo ao perceber que alguns de seus amigos estavam tentando evitá-lo.
Vi que algumas pessoas que haviam sofrido o acidente comigo atravessavam a rua para me evitar; era a maneira delas de lidar com isso, e elas ficavam constrangidas, chateadas ou o que quer que fosse, diz Shaun. Mas acho que elas não percebiam o impacto emocional que isso causava em mim por não estarem preparadas para vir falar comigo.
O que Shaun vivenciou pode ser comum após uma lesão na medula espinhal. Independentemente de quão fortes sejam as amizades antes de um evento traumático, é provável que algumas pessoas tenham dificuldade em lidar com as consequências. Às vezes, elas podem agir de maneira insensível, mesmo que não tenham a intenção. Ou elas podem simplesmente se sentir muito desconfortáveis para manter uma conversa.
Sou um livro aberto, então posso aceitar as coisas e seguir em frente, diz Shaun, que demonstrou notável resiliência, e influencia outras pessoas a viverem plenamente após uma lesão na medula espinhal. Mas as pessoas lidam com as coisas de maneiras diferentes, e tudo bem, porque nem todos seremos descontraídos com relação a isso.
Uma das lições mais dolorosa que Shaun aprendeu nos primeiros dias pós-lesão, ao ver a dinâmica de seu círculo social mudar, foi que aceitar a si mesmo e a natureza em constante evolução das amizades eram dois aspectos importantes para o perdão e para seguir em frente rumo a relacionamentos melhores e mais gratificantes.
Quem entra na sua vida? Quem sai da sua vida? Esteja você em uma cadeira de rodas ou não, as amizades vêm e vão. Tudo fica mais aflorado quando você está em uma posição vulnerável, porque você pensa demais nas coisas e analisa demais as situações, diz Shaun. Se alguém estiver passando por esse estágio no início, tente não se preocupar nem ficar chateado, porque é apenas uma jornada pela qual todos nós passamos.
Divulgação financeira: Kris e Shaun receberam compensação da Hollister Incorporated por suas contribuições para este artigo.
Os depoimentos, as declarações e as opiniões apresentadas são pertinentes à pessoa retratada. Esses depoimentos são representativos das experiências dessa pessoa, mas os resultados e as experiências exatas serão particulares e individuais para cada pessoa.
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